Não é sempre que se descobre um patrimônio com mais de 2 bilhões de anos. Certo de que a descoberta, noticiada no site da Prefeitura de Armsção dos Búzios no dia 15 passado (https://buzios.rj.gov.br/um-pedaco-da-africa-geologica-e-descoberto-no-quilombo-de-baia-formosa/), tem muito significado, Luiz Romano de Souza Lorenzi, Secretário de Cultura e Patrimônio Histórico de Armação dos Búzios tratou de buscar apoio para a sua proteção junto ao Governo do Estado, através do INEPAC.
De acordo com a geóloga Kátia Mansur, essas rochas africanas foram separadas vulcanicamente há 130 milhões de anos, deixando uma parte do que chamou de “África geológica” em Armação dos Búzios e justamente no Quilombo da Baía Formosa, que recebeu africanos escravizados no período colonial.
O encontro, mediado pelo Conselheiro Estadual de Tombamento Manoel Vieira, foi fundamental para que a Prefeitura de Armação dos Búzios tivesse convicção sobre a promoção do tombamento do bem.
Para o INEPAC, o momento é de comemoração. “É uma descoberta importante, que se dá num contexto cheio de simbolismos. E para o INEPAC é uma honra fortalecer as políticas de preservação da geologia e da cultura afrodescendente. Afinal, o INEPAC começou essa política com a proteção da Pedra do Sal, na década de 1980, a pedido de Joel Rufino. Recuperou seu legado com o tombamento do terreiro de candomblé Ilê Axé Opó Afonjá, em São João de Meriti, em 2016, a pedido do Frei Tatá e da Mãe Regina. E agora vai novamente revolucionar com o tombamento desse achado geológico fantástico feito pela Prof. Kátia Mansur”, disse Ana Cristina Carvalho, Diretora Geral do INEPAC.
Entendendo a oportunidade e a urgência da proteção, o Secretário Luiz Romano de Souza Lorenzi prontamente redigiu o pedido de tombamento da rocha, que é um registro que a África deixou em Búzios quando da separação dos continentes.
“Tão importante ou mais que a descoberta geológica é o que ela representa para a comunidade tradicional que ocupa esse território de forma secular. É muito provável que seja o único quilombo do Brasil que tenha um fragmento geológico da África nele, e entendo que isso seja um fato muito representativo para todas as comunidades quilombolas do Brasil que hoje lutam pelo reconhecimento de sua cultura”, falou Romano Lorenzi, que assumiu ainda o compromisso com o INEPAC de reunir representantes dos Quilombos de Armação dos Búzios e a comunidade científica para juntos traçarem a forma com que esse registro geológico será preservado.
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