• Secretário de Estado Defesa Civil apresenta detalhes operacionais das buscas por vítimas em Petrópolis.


    O secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio, coronel Leandro Monteiro, apresentou, nesta segunda-feira (21/2), os resultados do trabalho da corporação, o planejamento das ações e as especificidades da atuação dos profissionais envolvidos no resgate às vítimas das chuvas em Petrópolis, na Região Serrana. Até as 19h desta segunda-feira, foram registrados 180 óbitos na tragédia, ocorrida na última terça-feira (15/02), e há 104 pessoas desaparecidas.

    Os jornalistas foram recebidos pelo comandante da corporação e pelo subsecretário de Comunicação Social do Governo do Rio, Igor Marques. Monteiro explicou como está sendo o trabalho das equipes de bombeiros na cidade, que já nas primeiras 24 horas de atuação resgataram 24 pessoas com vida, e os principais desafios.


    - Quando entrou a primeira solicitação de socorro, nós tínhamos 30 militares, que é o efetivo do quartel local. A partir do momento em que acontece um evento como esse, a primeira medida é solicitar apoio. Acionam-se os quartéis mais próximos, como Itaipava, Teresópolis, Friburgo, por exemplo. Ao mesmo tempo, aciona-se também o plano de chamada, que são os profissionais daqui, que não estão de serviço. Recebemos vários avisos, mas é preciso verificar se nesses locais têm vítimas. É importante destacar que nosso quartel também foi atingido pela chuva – esclareceu Leandro Monteiro.

    O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio pontuou ainda que, assim como ele, o governador Cláudio Castro chegou nas primeiras horas a Petrópolis para colocar a estrutura do estado em apoio à prefeitura.

    - Em 2020, o governador determinou a criação do Plano de Contingência para as chuvas de Verão 2020/2021, que foi atualizado no ano passado. Com este planejamento, em menos de quatro horas, toda a estrutura de governo estava aqui, todas as secretarias trabalhando de forma integrada, e o Corpo de Bombeiros já todo mobilizado e em ação – pontuou o coronel Leandro Monteiro.


    O secretário de Defesa Civil também explicou que houve cerca de 180 pontos de deslizamentos, confirmados pela Defesa Civil Municipal. Desses, 52 pontos com informações de pessoas soterradas. A prioridade agora é seguir avançando para áreas onde há possibilidade de vítimas.

    - A gente entende a ansiedade da pessoa que perdeu um filho, uma mãe. O Corpo de Bombeiros quer acabar com o sofrimento das pessoas, nós queremos encontrar as vítimas. Entendemos a angústia destas famílias . A nossa corporação é referência para todos os estados, por isso peço a todos que confiem nos nossos bombeiros. Em todos os pontos onde há possibilidade de vítimas tem a presença dos bombeiros - enfatizou o comandante.

    Cães são ‘instrumentos’ essenciais para salvar vidas

    No total, 54 cães especializados em busca e resgate tanto do Rio de Janeiro como de outros estados estão envolvidos nas operações de buscas, como detalhou o subcomandante do 2º Grupamento Florestal e Meio Ambiente, tenente-coronel Wendell Carlos Rodrigues.

    - As ações com cães têm o objetivo de minimizar as áreas a serem trabalhadas. Em um determinado perímetro, um cão substitui cerca de 25 bombeiros, logo para trabalharmos de maneira eficaz, a área não pode estar ser influenciada com a presença de pessoas – explicou.

    Combinação perigosa: temporal atípico e acumulado de chuvas

    O superintendente operacional da Defesa Civil, Alexandre Silveira, explicou que o acumulado de chuvas desde o início do ano e o elevado volume de chuvas na semana passada contribuíram para os deslizamentos:

    - Desde 1932 não tínhamos esse registro. Essa chuva que caiu, de 258 mm em 3 horas, em um perímetro muito pequeno, revela uma grande quantidade de chuva com o agravante de que ainda tínhamos mais de 200 mm de acumulado de chuva desde o início do ano. Esse acumulado faz com que chuvisco na cidade gere pontos de deslizamentos e as sirenes podem tocar – destacou o superintendente, enfatizando que os dados eram do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais ( Cemaden).

    Trânsito e excesso de pessoas podem comprometer socorro

    A diretora-geral de Socorro e Emergência dos Bombeiros, coronel Simone Maeso, que está na cidade, desde terça-feira, com as outras equipes, apresentou o trabalho dos profissionais que atuam no socorro médico e esclareceu como o volume de veículos e pessoas nos locais pode comprometer um resgate.

    - Tem um diferencial entre pegar uma vítima atropelada na rua e um paciente soterrado. O tempo de liberação dos escombros demora, pode ser 40 minutos, uma hora ou muito mais. A falta de ordenação no entorno e excesso de veículos comprometem nosso socorro, pois temos treinamento e técnicas a serem adotadas para o resgate. Às vezes, no trânsito engarrafado, as pessoas não têm como abrir espaço para o resgate passar. Em um socorro, por exemplo, eu gastei 40 minutos em um trajeto de 500 metros com um paciente na ambulância – concluiu.

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