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    Projeto criado por defensora incentiva leitura entre presas .



    Há pouco mais de seis meses um grupo de detentas do Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, participa de uma iniciativa que pretende combater dois dos muitos problemas dentro de uma unidade prisional: o ócio e a falta de produtos de higiene básicos. A ideia é simples: a leitura de um livro, seguida de redação com as impressões sobre a narrativa, vale kit com artigos raros nas celas, como sabonete, xampu e absorventes.

    Foi a defensora Melissa Razuk Serrano, há 17 anos em atuação no Núcleo do Sistema Penitenciário, que apresentou a sugestão à direção do instituto penal e conseguiu que amigos doassem os títulos e os brindes. No último dia 19 de junho, sem muito alarde, mas com cachorro-quente e bolo, as primeiras 12 leitoras a concluírem a tarefa ganharam os kits.

    – A alegria das mulheres foi espantosa. Elas não sabiam que seriam premiadas pela leitura e pela redação ­­– conta Melissa.

    No final do ano passado, a defensora fez chegar ao instituto penal cerca de 300 livros, de todos os gêneros, deixados à escolha das detentas. Para dar início ao círculo de leitura, foi fundamental contar com a simpatia da inspetora encarregada da precária biblioteca local, que compreendeu de pronto a relevância da atividade.

    – O simples fato de ler as ocupa. E colocar no papel o que acharam do texto estimula a capacidade crítica. Não peço uma resenha. A sugestão é que proponham finais alternativos ao dado pelo autor, que exponham o que gostaram ou não gostaram do desenrolar e do desfecho da história e, principalmente, que avaliem como poderiam agir se estivessem na pele dos personagens ­– explicou a defensora

    Na unidade Oscar Stevenson, estão mulheres em regime semiaberto, algumas com autorização para saídas temporárias, destinadas às visitas à família e à atividade remunerada fora da unidade. Muitas, porém, passam o dia sem ocupação.

    Em 2013, recomendação do Conselho Nacional de Justiça abriu a possibilidade de remição pela leitura: a cada livro lido, quatros dias a menos de pena. Melissa, porém, pensou em colaborar para a implantação de uma rotina menos burocratizada, “mais motivadora, que despertasse nas detentas o orgulho pela leitura e as recompensasse de imediato, com itens necessários ao dia a dia” no sistema prisional.

    – Não quis nada que dependesse de decisão judicial – diz, lembrando que espera análise de uma dezena de pedidos de remição pela leitura, em nome de detentas da Penitenciária Talavera Bruce, em Gericinó.

    A próxima bateria de leitura será mais dura para as mulheres do Oscar Stevenson: um kit para cada três livros lidos e respectivas redações entregues. Melissa não tem dúvida de que a adesão ao projeto continuará grande, considerando, em especial, a euforia causada pela distribuição dos artigos de higiene e beleza, em embalagem caprichada. Cada kit continha xampu, condicionador, aparelho para depilação, absorventes, pasta de dente, desodorante, esmalte de unha e hidratante corporal, item de maior sucesso entre as contempladas.

    Essa não foi a primeira vez que a defensora buscou doações de produtos básicos que deveriam ser fornecidos pelo estado. Em outubro do ano passado, o Talavera Bruce recebeu mais de seis mil absorventes e mais de duas centenas de medicamentos arrecadados por ela entre amigos e em campanha junto a estudantes da Universidade Veiga de Almeida.

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