Livox reproduz, por comando de voz, necessidades,
emoções e desejos dos usuários, como alimentação, em 25 idiomas
Um
aplicativo brasileiro que permite pessoas com deficiência na fala se comunicar
dentro e fora de sala de aula venceu a Copa
do Mundo de Tecnologia, organizada por Microsoft, Qualcomm e outras
empresas de tecnologia. O Livox concorreu à
categoria educação do prêmio que reconhece e incentiva projetos de impacto
social em todo o Mundo. Foram selecionadas 25 startups de 18 países para
participar do evento, que ocorreu no Vale do Silício, Estados Unidos.
Os
jurados, empreendedores e executivos da área de TI, avaliaram que o Livox se
destacou por atender uma parcela da população carente de inovações
tecnológicas, bem como pela paixão e pelo comprometimento com os quais o
desenvolvedor defendeu o projeto. Com a vitória, a startup brasileira
participará de reuniões com investidores-anjos, executivos de empresas e grupos
de risco do Vale do Silício. A ferramenta já foi eleita a Inovação Tecnológica
de Maior Impacto de 2014 pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o
Melhor Aplicativo de Inclusão Social do Mundo pela Organização das Nações
Unidas (ONU).
“Essa é a
primeira vez na história que inteligência artificial e consciência contextual
foram usadas para criar algoritmos que atendam às necessidades de pessoas com
deficiência”, argumenta Carlos Pereira, criador do Livox, sobre os diferenciais
que o levou a ser premiado pela Copa do Mundo de Tecnologia. Também
participaram da disputa a plataforma para treinamento de estudantes de
engenharia Labicom, da Rússia; o simulador de negócios em 3D VirBELA, dos
Estados Unidos; e o conteúdo em 3D para educação Corinth, da República Checa.
Inclusão
social
O Livox
(Liberdade em Voz Alta) foi desenvolvido pelo pai, Carlos Pereira, para
promover autonomia na comunicação de sua filha, Clara Pereira, de sete anos,
que tem paralisia cerebral. Antes de chegar a solução viável, o diálogo com a
criança era feito por meio de um catálogo de “falas” ditas em voz alta, quando
selecionadas por ela. O analista de sistemas pediu auxílio a desenvolvedores
internacionais para criar uma ferramenta em português, mas não conseguiu, e
implantou uma clínica de fisioterapia em Recife, Pernambuco, onde reside e da
qual ainda é diretor, para beneficiar sua filha e a população local, com apoio
de investidores estrangeiros.
Clara
Pereira e os usuários tocam a tela do tablet com o software instalado para
expressar por comando de voz suas emoções, necessidades e desejos, como o de se
alimentar, por exemplo, entre outras coisas. O software contém um catálogo de
20 mil imagens, que podem ser utilizadas em conjunto com textos e também
permite o acesso a atividades culturais, como filmes, desenhos e músicas. Os
usuários também conseguem aprender a ler, adquirir vocabulário e estudar
matemática.
O
aplicativo é baseado em algoritmos inteligentes, como o IntelliTouch, que se
ajusta a diferentes graus de deficiência motora, cognitiva e visual, sendo
capaz de corrigir o toque impreciso na tela do tablet da pessoa com deficiência.
O teclado virtual da ferramenta fala automaticamente por comando de voz
palavras ou frases que estão sendo digitadas, o que torna possível a
comunicação do usuário com outras pessoas. O software permite a criação de
pranchas com imagens personalizadas e o compartilhamento do conteúdo entre
tablets com a ferramenta instalada.
Até 2016,
um projeto da rede municipal de ensino de Recife, em Pernambuco, pretende
beneficiar cinco mil estudantes especiais com acesso ao Livox. O objetivo é
garantir uma rotina diária em sala de aula e o convívio social dessas pessoas.
O Livox é utilizado por 10 mil usuários em 25 idiomas, entre famílias e
instituições de assistência, como a brasileira Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais (Apae). A ferramenta também é
estudada pelo centro de pesquisas para as áreas de cabeça, pescoço e TI do
Hospital das Clínicas, o maior da América Latina, localizado em São Paulo.
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